segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Caldas em Cores

     A cor,
     O ritmo,
     O som,
     O cheiro.
    
     O que me encanta não é descritível, é sentido.
     As serras que abraçam,
     O ar que tem outra densidade,
     O vento que sobe as ruas em alta velocidade enquanto acaricia os cabelos.
     
     Apenas sinto,
     Nestas breve linhas tento explicar,
     Os sentidos afloram, as palavras ecoam,
     Escorrem.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Mineiragens

     O mineiro e a sua capacidade de formular uma frase com apenas vogais:
     - É uai. Ô!
     E a sua variação:
     - Ô! É uai.

Sem rede social, e agora?

     E hoje cancelei minhas redes sociais, sei lá por quanto tempo, sem prazos e estimativas.
     Mandei mensagem para algumas pessoas avisando, para aquelas que não vou encontrar pessoalmente nos próximos dias, sobretudo. Não sei se todos receberam a mensagem, estava no anseio de cancelar logo tudo.
     Passei uns dias longe de redes e fiquei em paz, mas pensando em quem poderia ter mandado mensagem, ao chegar em casa li e senti uma coisa estranha, então resolvi dar vazão ao que eu estava sentindo, de me desvincular do que não é tão real assim.
     Basicamente a mensagem dizia que eu resolvi modernizar e cancelar facebook e whatsapp, que para me encontrar a pessoa poderia me ligar, mandar um e-mail, visitar meu blog, mandar uma carta ou ainda aparecer para um café com bolo, com recomendações de se vier de longe avisar com certa antecedência para que eu não fosse a venda na hora da chegada da visita.
     E agora, José? Sem rede social...Falar que foi simples, simples, foi não, mas foi mais leve, peguei o celular para olhar, daí coloquei música, mas meu dia rendeu mais.
     Cansei de curtidas e mensagens cheias de nada, claro que querem dizer: Olha pensei em vc, etc, mas cansei, me ligue, comente meu blog, participe da minha vida. Ou não.
     Estou indo no caminho de encontro a mim mesmo faz algum tempo, tenho ido em busca de mim, e sei que não estou muito além, mas a questão é que rolar a página do facebook inconsciente e ler mensagens passadas a rodo no whatsapp me distrai e me leva para longe de mim, para um mundo externo e não é assim que eu imagino o meu reencontro.
      Sinto falta de escrever, os dias que estive longe da internet minha mente fervilhou. Espero que agora eu coloque mais no papel, mas tb não espero muita coisa, não cancelei redes com grandes objetivos, na verdade é só uma experimentação, ver como me sinto na contra-mão do fluxo ter, amigos, curtidas, contatos, amei, correntes e afins, quero ser, ser eu, Carolina, simples assim.
     Prazer!
     Apareça.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Sendo Amor

Ah este amor silêncio cheio de rótulos e censuras.
Apenas sinto, não preciso de definições e explicações.
Pare de silenciar e sinta, ou não, mas seja o que é.

Desprenda-se de amarras e dores.
Não há medo de errar.
Perca o medo de acertar.

Adiante!
Sinta,
Ou não.
Mas seja,
Não silencie.
Não rotule.
Seja!

quarta-feira, 8 de junho de 2016

34

     Passou, tudo que era já foi, e está decretado que nenhuma dor ficou, nenhuma perda prevaleceu.
     Um lindo dia de sol encomendado nestes dias chuvosos, que levaram as mágoas e secou as feridas.
     Grata por este dias, gratidão por tanto amor, pelo amor próprio, pelos amigos (inclui filhas e família).
     Sinto-me novamente emocionalmente disponível. Disponível pra mim, para as minhas filhas, para os amigos, para um novo amor.
     Sinto fluir.
     Tudo flui como água.
     A Doce Vida segue adiante firmando, fortalecendo, amando, adoçando e dando a medida. Nada a mais, nem a menos, equilibrando.
     Sigo adiante, leve, e no mais que o vento leve.
     Recomeço todos os dias, todos os anos, toda celebração de aniversário.           Recomeçarei cada dia que for preciso, de hoje em diante, Sempre.


Recomeço
Flávia Wenceslau

Vou cantar meus sonhos
Pra desfazer o pranto
Do que não valeu
A partir desse instante
Vou olhar a vida
Como uma despedida
Pra uma festa maior
Vou desatar o nó
Das lembranças perdidas
Da tristeza contida
De um sofrimento a sós

Eu vou recomeçar
Como se hoje fosse
O primeiro dia do mundo
Não me machucar
Nem perder a hora
De saber o que será

Vou receber os dias
Como pedras raras
Que o vento escondeu
Vou te olhar nos olhos
Não se pede desculpas
Pelo que não foi dito
Pelo que não doeu
E na casa do tempo
Vou refazer a história
Respeitando a glória
De quem já sofreu
E tudo é bem menor
Que a verdade clara
Deste sentimento
Aclamar
Que a vida é um bem maior
Seu silêncio cala toda dor que há

E tudo é bem menor
Que a verdade clara
Deste sentimento
Aclamar
Que a vida é um bem maior
Seu silêncio cala toda dor que há

Eu vou recomeçar
Como se hoje fosse
O primeiro dia do mundo
Não me machucar
Nem perder a hora
De saber o que será

sexta-feira, 27 de maio de 2016

#CARTAPARABEATRIZ

     Oi Beatriz,
     Eu geralmente não quero ser mais uma na multidão, mas neste caso somos todas uma.
     Não só você foi abusada, fomos todas nós junto de você.
     O seu caso não foi único naquele dia, infelizmente no mesmo dia houve outro estupro coletivo, que não houve tanta repercussão, porquê era no nordeste, negra, mas isso não faz de você melhor, nem pior. Não é culpa sua você ter sido violentada, e nem de outras terem sido violentadas.
     A culpa nunca é da vítima.
     Gostaria de falar que esta dor vai passar, mas sabemos que não, no máximo ameniza as lembranças.
     Somos em milhares com você, emanando boas energias, que é o que podemos fazer neste momento.
     Gostaria de dar-lhe um abraço coletivo, de chorar junto pegando na sua mão, mas o choro entalou, não desceu.
     Muitas pessoas se conscientizaram da importância do feminismo através da sua dor, e sei que isso também não consola, não conforta, mas eu queria te dizer.
     Não existe conforto nesta hora, eu sei, você ainda é uma menina de 16 anos e terá que lidar com muito homens fazendo piadinhas e a encarando, a maioria nem terá ciência que você é a moça das notícias atuais, mas também para a maioria isto ainda não faz diferença.
     Desencadeou um movimento através da sua história, sei também que isso não enxuga seu pranto, mas que quis lhe contar.
     Contar que estamos aqui fazendo nossas preces por vc, cada uma com a sua crença, mas todas querendo abraçar-lhe, querendo que vc sinta nosso amor.
     Não queremos enxugar seu pranto, pelo contrário, desejamos que seu pranto escorra e coloque para fora tudo que puder de dor, li dia destes que choro é dor líquida, dor parada vira tumor.
     Mana, estamos aqui, a seu lado. Gritando e chorando as suas dores, que também são nossas.
     Sei que nada disso traz conformação, mas eu quis te escrever e dizer que somos milhões em uma <3 .="" br="">

quarta-feira, 30 de março de 2016

Configuração de um Crime

     O que configura um crime no nosso País?
     A impressão que eu tenho é que ser a minoria (ou melhor, a maioria com minoria de direitos) configura um crime.
     E nem estou falando agora de política, nem da Comissão de Impeachment que será julgado por Eduardo Cunha.

     Em 9 de dezembro de 2015 um homem, da área nobre de Brasília, foi preso após a Polícia Civil receber vídeo dele molestando uma criança, parente dele, após algumas horas foi solto ao pagar fiança de R$ 10.000,00. Responde em liberdade, pois não é um crime hediondo.
     Em 22 de março deste ano uma jovem foi assediada no metrô durante 9 estações e ouviu do segurança que a culpa era dela, pois estava usando vestido logo cedo.
     No mesmo dia um homem me seguiu na cidade, dando pelo menos 10 voltas ao redor da praça da cidade enquanto eu tentava me esquivar dele onde o movimento estava maior, depois de mais de uma semana que eu tento pegar meu B.O. hoje fui informada pela Polícia Militar da cidade de Caldas que não configura em crime, afinal ele não fez nada, estava apenas "passeando".

      E assim caminhamos com Boletins de Ocorrências sendo negado o registro, afinal eu fui esperta suficiente para o cara não me estuprar, caso fosse a intenção dele, a moça do metrô estava de vestido de manhã e a pobre coitada da criança, era só uma criança e não foi flagrante.
     O que temos em comum neste cenário todo? (E agora eu incluo um impeachment que não tem embasamento jurídico), todos contra mulheres, todos afrontam o sexo forte e dominante, enquanto ignoram as estatísticas e deixam soltos os caras por não configurar crime.
     Para que se saiba: A cada 5 minutos uma mulher é agredida no Brasil, a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil e a cada 15 minutos uma mulher é morta no Brasil por alguém conhecido.
     Então deixo aqui um ponto para reflexão: Será que as estatísticas diminuiriam caso os Boletins de Ocorrência fossem realmente levados a sério e os oprimidos não fossem visto como opressores pelo simples fato de não ter ficado de boca calada?

terça-feira, 8 de março de 2016

8 de Março! Avante!


Hoje o dia é daqueles, flores, chocolates e parabenizações.
Até cansa de ver tudo isso, outra data comercializada, tem toda uma história e revolução por trás da data que virou comércio.
Enquanto isso no patriarcado falam de igualdade.
Igualdade? Ontem em um grupo de mulheres uma perguntou quem teria coragem de assumir que havia sido estuprada, em 5 minutos mais de 50, e fora aquelas que rolaram a página e não tiveram coragem. Tiveram também as que comentaram que não tinha coragem de assumir em um grupo com tantas mulheres conhecidas.
Pois é, só mulheres e muitas se escondem das outras com medo do julgamento, e o pior? As estatísticas mostram que toda mulher já sofreu pelo menos uma história de horror. Minha pesquisa pessoal confirma esta estatística, mas daí o patriarcado continua nos dizendo que devemos julgar a outra para amenizar as nossas dores.
Eu tenho me descoberto cada dia mais feminista, Graças à Deus, e cada dia mais aprendo a sororidade, empoderamento e a dar a mão para outras mulheres, sem julgamento de feias ou bonitas, assim ou assado, apenas como mais uma que está nesta luta diária de desconstruçao, afinal eu ser mais sensível que o homem em nada faz com que eu seja mais frágil.
Viva as diferenças, mas nada onera os direitos iguais, o principal de um País laico, o de ir e vir. Infelizmente nós mulheres ainda somos demasiadamente privadas deste direito.
É tão pequeno todo este patriarcado, incutido, inclusive na cabeça e formação das nossas que dizem em alto e bom som: Sou feminina e não feminista!
Moças, o feminismo é a igualdade, é podermos andar de madrugada sem medo, é receber o mesmo valor pelo trabalho que um homem recebe. Em nada afeta sua feminilidade, mas também, e daí se a outra não quer ser feminina? Deixa ela, direitos iguais, lembra?
Em algum determinado momento do dia me lembrei dos comentários que ouço que tenho que casar, e nesta busca desenfreada dos meus amigos em arrumar um marido eles me apontam qualquer solteiro que seja pelo menos 10 anos mais velhos que eu, nada contra a diferença de idade, mas o reverso é sempre muito mal visto: -Ah, ele não, ele é 5 anos mais novo que você.
-Mas aquele que você quer que eu saia não faz o meu tipo e é 20 anos mais velho.
- Só que você já passou dos 30 e tem filhas, duas ainda, tem que ter alguém na sua vida mais estável (lê-se mais velho) porquê o importante agora é ter alguém do seu lado.
Não, não e não! O importante é eu querer e ele querer, o importante é respeitar as diferenças, o importante é se eu não quiser não ter ninguém também, é eu criar e educar as minhas filhas sozinha sem constrangimentos, é eu não ter que engolir o aborto patriarcal e não poder falar a respeito de estupro porque expõe o cara e se estava casada ele tinha o direito.
O importante é nós mulheres pararmos de iludir umas as outras, sermos sinceras sen julgamentos, aprender o que é ser feminista e dar o direito a cada um ter o seu espaço, ser quem ou como quiser, é não criarmos filhos machistas e nem mulheres submissas.
É não se envergonhar da liberdade de expressão e não atacar nem verbalmente aquela outra mulher que com certeza em algum momento da história também foi oprimida e tem a sua triste história de horror.
Avante mulheres, temos cada dia mais ganhado força e voz, só nos darmos as mãos que somos fortes.