sexta-feira, 27 de maio de 2016

#CARTAPARABEATRIZ

     Oi Beatriz,
     Eu geralmente não quero ser mais uma na multidão, mas neste caso somos todas uma.
     Não só você foi abusada, fomos todas nós junto de você.
     O seu caso não foi único naquele dia, infelizmente no mesmo dia houve outro estupro coletivo, que não houve tanta repercussão, porquê era no nordeste, negra, mas isso não faz de você melhor, nem pior. Não é culpa sua você ter sido violentada, e nem de outras terem sido violentadas.
     A culpa nunca é da vítima.
     Gostaria de falar que esta dor vai passar, mas sabemos que não, no máximo ameniza as lembranças.
     Somos em milhares com você, emanando boas energias, que é o que podemos fazer neste momento.
     Gostaria de dar-lhe um abraço coletivo, de chorar junto pegando na sua mão, mas o choro entalou, não desceu.
     Muitas pessoas se conscientizaram da importância do feminismo através da sua dor, e sei que isso também não consola, não conforta, mas eu queria te dizer.
     Não existe conforto nesta hora, eu sei, você ainda é uma menina de 16 anos e terá que lidar com muito homens fazendo piadinhas e a encarando, a maioria nem terá ciência que você é a moça das notícias atuais, mas também para a maioria isto ainda não faz diferença.
     Desencadeou um movimento através da sua história, sei também que isso não enxuga seu pranto, mas que quis lhe contar.
     Contar que estamos aqui fazendo nossas preces por vc, cada uma com a sua crença, mas todas querendo abraçar-lhe, querendo que vc sinta nosso amor.
     Não queremos enxugar seu pranto, pelo contrário, desejamos que seu pranto escorra e coloque para fora tudo que puder de dor, li dia destes que choro é dor líquida, dor parada vira tumor.
     Mana, estamos aqui, a seu lado. Gritando e chorando as suas dores, que também são nossas.
     Sei que nada disso traz conformação, mas eu quis te escrever e dizer que somos milhões em uma <3 .="" br="">