quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Crescendo

          10, 15, 18 e 22 anos.
          Hoje, 36, em alguns momentos entre uma foto e outra e hoje os olhares ainda perdidos fizeram parte de mim, este olhar de quem enxerga o mundo mais além e sente muito mais profundo.
         Sonhos tolidos e também desesperança, medo, dor. No entanto, o que mais me chama atenção é que o olhar profundo, que vem de dentro d'alma foi sempre resgatado e me acompanha.
          Este olhar ainda é o meu, de quem olha para frente com mais anseios e vontade, acrescido de um outro olhar, para o hoje, o agora que estou aprendendo a viver.
          A primeira foto é na fazenda dos meus tios, estávamos cozinhando entre vários primos e meus tios, acho que era um bolo. É um cenário tão vívido em minha memória e que eu tive o incomensurável prazer de voltar 20 anos depois, e ao caminhar por aquele lugar tão familiar me revi enquanto andava pelas estradas olhando para o céu e copas das árvores, como faço comumente, foi então que instintivamente levei o pé para subir um degrau, então abaixei os olhos e lá estava, um degrau de uma raiz de árvore que a minha memória guardou, subindo aquele degrau estava o pé de uma criança de 7 anos, com uma bota branca maior que o pé. Então corri e subi em cima do coxo, fazendo-o de palco, como outrora.
          No fim do processo me percebi ainda como aquela criança, que carrega consigo sonhos e uma forma estranha de acreditar nas pessoas e no futuro.
          Esta cena, com certeza, faz parte do processo de cura que venho encontrando dentro de mim, um processo sem fim, mas que se torna menos dolorido a cada dia.
          A vida me amadureceu, mas o olhar, ah o olhar, ainda é sonhador e ultrapassa os muros e barreiras.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Liberdade Consistente

          Em uma conversa com uma amiga hoje à respeito do tempo, da vida, dos sentimentos, relacionamentos humanos e fim de relacionamentos amorosos ela faz uma observação que consiste no seguinte:
          - Como ficamos cegas quando estamos na relação, né?
          Eu ponderei e disse que não sinto que é cegueira, mas sim que é vontade de ter alguém, porquê viver sozinha também cansa!
          Então o diálogo continuou com ela dizendo que somos nós que temos que olhar o que falta dentro da gente, o que precisamos, que para não pensar é preciso preencher a nossa vida com bastante atividade, enfim...Que a pessoa que ela curte, também a curte, mas não quer relacionamento para não perder a liberdade.

          Olha, confesso que nesta hora me dá palpitação de pensar assim, o Universo consiste no Yin e Yang, no Duo, então porquê nós, seres humanos que estamos aqui para procriar, desenvolver espiritualmente, conviver, nos apoiar precisamos aprender a viver sozinhos e nos preencher de atividades para sufocar nossos sentimentos?
          Sentimento é para viver sim, ouvir sim, isto não significa de forma nenhuma ser uma pessoa desequilibrada, mas sim cumprir algumas leis Universais, não nascemos e não nos enterramos sozinhos, então porquê a vida tem que ser solitária?
          Não necessariamente um relacionamento amoroso, afinal as amizades também estão aí para nosso desenvolvimento, abrigo e aconchego, mas também amoroso, afinal, que covardia é essa ao sufocar os sentimentos?
          Curtir um ao outro e não se relacionar para não perder a liberdade? Oras, uma coisa não anula a outra, sejamos libertos juntos.
          Não quer ficar, ok, tudo bem, ninguém precisa e nem tem que querer, mas se olhar, se permitir, sonhar, sentir, tudo vem no pacote da vida e não devemos colocá-la nas profundezas do nosso ser.
          Sejamos livres o suficiente para nos permitir sentir.