quarta-feira, 30 de março de 2016

Configuração de um Crime

     O que configura um crime no nosso País?
     A impressão que eu tenho é que ser a minoria (ou melhor, a maioria com minoria de direitos) configura um crime.
     E nem estou falando agora de política, nem da Comissão de Impeachment que será julgado por Eduardo Cunha.

     Em 9 de dezembro de 2015 um homem, da área nobre de Brasília, foi preso após a Polícia Civil receber vídeo dele molestando uma criança, parente dele, após algumas horas foi solto ao pagar fiança de R$ 10.000,00. Responde em liberdade, pois não é um crime hediondo.
     Em 22 de março deste ano uma jovem foi assediada no metrô durante 9 estações e ouviu do segurança que a culpa era dela, pois estava usando vestido logo cedo.
     No mesmo dia um homem me seguiu na cidade, dando pelo menos 10 voltas ao redor da praça da cidade enquanto eu tentava me esquivar dele onde o movimento estava maior, depois de mais de uma semana que eu tento pegar meu B.O. hoje fui informada pela Polícia Militar da cidade de Caldas que não configura em crime, afinal ele não fez nada, estava apenas "passeando".

      E assim caminhamos com Boletins de Ocorrências sendo negado o registro, afinal eu fui esperta suficiente para o cara não me estuprar, caso fosse a intenção dele, a moça do metrô estava de vestido de manhã e a pobre coitada da criança, era só uma criança e não foi flagrante.
     O que temos em comum neste cenário todo? (E agora eu incluo um impeachment que não tem embasamento jurídico), todos contra mulheres, todos afrontam o sexo forte e dominante, enquanto ignoram as estatísticas e deixam soltos os caras por não configurar crime.
     Para que se saiba: A cada 5 minutos uma mulher é agredida no Brasil, a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil e a cada 15 minutos uma mulher é morta no Brasil por alguém conhecido.
     Então deixo aqui um ponto para reflexão: Será que as estatísticas diminuiriam caso os Boletins de Ocorrência fossem realmente levados a sério e os oprimidos não fossem visto como opressores pelo simples fato de não ter ficado de boca calada?

terça-feira, 8 de março de 2016

8 de Março! Avante!


Hoje o dia é daqueles, flores, chocolates e parabenizações.
Até cansa de ver tudo isso, outra data comercializada, tem toda uma história e revolução por trás da data que virou comércio.
Enquanto isso no patriarcado falam de igualdade.
Igualdade? Ontem em um grupo de mulheres uma perguntou quem teria coragem de assumir que havia sido estuprada, em 5 minutos mais de 50, e fora aquelas que rolaram a página e não tiveram coragem. Tiveram também as que comentaram que não tinha coragem de assumir em um grupo com tantas mulheres conhecidas.
Pois é, só mulheres e muitas se escondem das outras com medo do julgamento, e o pior? As estatísticas mostram que toda mulher já sofreu pelo menos uma história de horror. Minha pesquisa pessoal confirma esta estatística, mas daí o patriarcado continua nos dizendo que devemos julgar a outra para amenizar as nossas dores.
Eu tenho me descoberto cada dia mais feminista, Graças à Deus, e cada dia mais aprendo a sororidade, empoderamento e a dar a mão para outras mulheres, sem julgamento de feias ou bonitas, assim ou assado, apenas como mais uma que está nesta luta diária de desconstruçao, afinal eu ser mais sensível que o homem em nada faz com que eu seja mais frágil.
Viva as diferenças, mas nada onera os direitos iguais, o principal de um País laico, o de ir e vir. Infelizmente nós mulheres ainda somos demasiadamente privadas deste direito.
É tão pequeno todo este patriarcado, incutido, inclusive na cabeça e formação das nossas que dizem em alto e bom som: Sou feminina e não feminista!
Moças, o feminismo é a igualdade, é podermos andar de madrugada sem medo, é receber o mesmo valor pelo trabalho que um homem recebe. Em nada afeta sua feminilidade, mas também, e daí se a outra não quer ser feminina? Deixa ela, direitos iguais, lembra?
Em algum determinado momento do dia me lembrei dos comentários que ouço que tenho que casar, e nesta busca desenfreada dos meus amigos em arrumar um marido eles me apontam qualquer solteiro que seja pelo menos 10 anos mais velhos que eu, nada contra a diferença de idade, mas o reverso é sempre muito mal visto: -Ah, ele não, ele é 5 anos mais novo que você.
-Mas aquele que você quer que eu saia não faz o meu tipo e é 20 anos mais velho.
- Só que você já passou dos 30 e tem filhas, duas ainda, tem que ter alguém na sua vida mais estável (lê-se mais velho) porquê o importante agora é ter alguém do seu lado.
Não, não e não! O importante é eu querer e ele querer, o importante é respeitar as diferenças, o importante é se eu não quiser não ter ninguém também, é eu criar e educar as minhas filhas sozinha sem constrangimentos, é eu não ter que engolir o aborto patriarcal e não poder falar a respeito de estupro porque expõe o cara e se estava casada ele tinha o direito.
O importante é nós mulheres pararmos de iludir umas as outras, sermos sinceras sen julgamentos, aprender o que é ser feminista e dar o direito a cada um ter o seu espaço, ser quem ou como quiser, é não criarmos filhos machistas e nem mulheres submissas.
É não se envergonhar da liberdade de expressão e não atacar nem verbalmente aquela outra mulher que com certeza em algum momento da história também foi oprimida e tem a sua triste história de horror.
Avante mulheres, temos cada dia mais ganhado força e voz, só nos darmos as mãos que somos fortes.